Parte 1: Um Som Conhecido
Finalmente havia chegado o dia que duque Dominus
estava esperando, o dia da caçada. Este era um entretenimento muito comum para
os nobres daquela região. Todos se preparavam adequadamente para o evento.
Moira aproximava-se dos guardas de Maxwell, que
estavam um pouco mais afastados dos homens que se organizavam para a caçada,
enquanto mantinha as mãos unidas sobre o ventre, como normalmente fazia.
- Tenho um aviso para dar a vocês. – passou os
olhos sobre cada um dos quatro, parecendo mal-humorada – Se meu irmão voltar
com algum arranhão eu mesma me encarregarei de ter certeza que os quatro terão
o crânio dividido em dois – virou-se e olhou em direção ao duque que estava
distante, de costas para ela.
- Lhe garanto que não acontecerá nada com Vossa
Alteza o príncipe. – disse Siro, um homem de pouco mais de trinta anos e de
olhos escuros atentos, inclinando-se para a princesa, fazendo uma reverencia.
Enquanto o guarda calvo respondia para Moira,
Alan parecia ter seguido o movimento anterior dela e estava com sua atenção
voltada em direção a Dominus, que conversava com Dário.
- Preste atenção no que estou dizendo! – puxou-o
pelo cachecol desbotado com força, forçando-o a se curvar levemente para
frente.
O estranho homem baixou a cabeça de forma
submissa.
- Não tirem os olhos deles nem por um segundo. –
tentava parecer irritada, mas não conseguia esconder a preocupação – Podem ir.
– afastou-se dos guardas com seus passos tão delicados que custavam a amaçar o
gramado em torno do castelo.
Enquanto os homens moviam-se até onde o príncipe,
o duque e seu mais novo hóspede conversavam cercados por alguns dos
subordinados de Sobbar. A princesa puxou novamente o manto de Alan, fazendo-o
parar no meio do caminho.
O guarda virou-se para ela e teve o tecido em
volta de seu pescoço puxado pela terceira vez, o que o fez se curvar para
frente de novo, ficando quase da altura de Moira.
- Quanto ao que aconteceu ontem. - suspirou,
abaixando a cabeça por um momento e logo se recompondo - Você não viu nada. A
princesa jamais age daquela maneira. Você entendeu? - lançou um olhar
fulminante.
Alan observou seu rosto por alguns segundos
enquanto demonstrava um semblante mais suave do que aquele que normalmente
vinha estampado em sua expressão. Ao perceber que Moira não havia gostado nem
um pouco dele ter fitado seus olhos, acenou positivamente com a cabeça e
abaixou os olhos em direção ao solo.
- Pode ir. - soltou o tecido desbotado deixando-o
livre para ir até os outros que ainda conversavam despreocupadamente.
-... E Vossa Alteza sabe como manejar o arco? –
perguntou Dário interessado na conversa.
- Eu ainda estou aprendendo, minha pontaria não é
muito boa por enquanto. – deu uma risadinha tentando esconder o constrangimento
que sentia.
- Aposto que é melhor que a do duque. – riu.
- Eu estou ouvindo isso Dário! - exclamou Dominus
incomodado com o comentário.
- Vossa Graça. Não se preocupe, foi apenas uma
brincadeira. - sorriu gentilmente.
- Está bem. Deixarei passar. - era difícil se
opor a um sorriso de Dário.
- Já podemos nos preparar para seguir até o
local? - perguntou o jovem carismático.
- Não. - respondeu irritado - Aquele homem está
proibido de nos acompanhar. - apontou para Alan.
- Vossa Graça ainda está implicando com ele?
- Cuidado como você fala comigo, Dário. Tenho
meus motivos para não levá-lo junto. -o nervosismo estava ficando visível em
seu rosto.
- Já que o senhor Dominus insiste... - disse o
príncipe, sem entender muito bem a reação do duque - Senhor Alan. O senhor está
dispensado por enquanto.
O guarda fez uma reverencia, acatando as ordens
de seu mandante.
- Esperem. - intrometeu-se a princesa, se
aproximando - Se vão tirá-lo temporariamente da posição de proteger o príncipe então
peço para que em seu lugar levem um dos meus guardas.
- Está tudo bem por mim. - Dominus respondeu
indiferente.
- Mas e você Moira? Vai ficar apenas com um
guarda para lhe proteger? - mais uma vez o príncipe preocupava-se com sua irmã.
- Não vai acontecer nada comigo. E se Alan irá
ficar então estarei com dois guardas. - tentou acalmar Max.
- Então está bem. Eu irei aceitar o empréstimo. -
deu um sorriso amarelo enquanto Moira escolhia um dos homens para acompanhá-lo.
Após a troca, os homens finalmente estavam
prontos para a caçada.
- Já está tudo nos conformes, podemos partir. -
Disse o duque indo direto para seu cavalo, um puro-sangue de pelo marrom
brilhoso e bem cuidado.
O príncipe foi ajudado por Siro a subir em sua
montaria, um belo animal de pelo negro.
Logo em seguida Dário e Siro montaram em seus respectivos cavalos. Os
demais homens iriam acompanha-los a pé.
---
A
vegetação tinha mudado, a grama era mais alta e vários arbustos espalhavam-se
por entre as árvores de diversas espécies que se estendiam mais afastadas umas
das outras do que na região dos pinheiros.
- Esta parte da floresta é uma das melhores para
se caçar. - explicou Dominus, mais animado do que costumava ser.
A caçada era uma das atividades que o duque mais
apreciava.
- Vossa Alteza está nervoso? - perguntou Dário
para o príncipe.
- É a primeira vez que venho para uma caçada. -
respondeu baixinho para seu mais novo amigo - Lá em Sempterot não temos muito
disso, meu pai não se interessa muito. E o senhor? - seus olhos demonstravam
uma curiosidade infantil - Participa de muitas caçadas de onde veio?
- De onde eu vim não tem muitas florestas e os
animais das proximidades são bastante perigosos. - sorriu - E, por favor, não
precisa me chamar de senhor. Pode usar só o meu nome.
- Vou tentar me lembrar disso. - deu uma
risadinha - Mas... - sua expressão mudou completamente - Você vem do reino em
que a Miriam é a rainha... - franziu a testa, pensativo - Pelo que li e as informações
que recebi sobre o lugar, há muitas florestas naquela região.
- É verdade que Miraluna tem muitas florestas. -
continuava sorrindo, mas tinha um ar de nostalgia em sua expressão - No entanto
já faz quase dois anos que não moro mais por lá.
- O senhor não disse que tinha vindo amando de
seu pai? - a resposta de Dário havia o confundido - Digo... Você não disse?
E... Seu pai sendo o Marques de Codriaz não deveria permanecer na região dele?
- Bem. Acho que não me expressei direito quando
cheguei ao castelo de Sobbar...
Antes que qualquer um dos dois pudesse continuar
a conversa, o duque, que havia descido de seu cavalo aproximou-se deles e
comunicou:
- Vejam ali. - apontou para uma direção do bosque
- Um cervo perfeito para começar a caçada. Que tal Vossa Alteza ter a honra de começar?
- parecia contente com o achado do animal.
- Oh. Isso foi rápido. - o jovem foi pego de
surpresa - Eu posso tentar. - desceu com cuidado de seu cavalo e sacou o arco,
puxando uma flecha da grande bolsa presa às suas costas.
- Tenha cuidado Vossa Alteza. - Siro se
manifestou, aproximando-se dos três.
-Eu posso fazer isso. - o príncipe concentrou-se
no alvo enquanto posicionava sua flecha no arco.
Maxwell demorou um pouco para decidir a posição
correta da mira, mas rapidamente soltou a flecha, que foi com velocidade em direção
ao animal que estava distante, comendo a grama tranquilamente sem saber do
perigo que o aguardava. Mas o jovem príncipe havia errado e o som do impacto da
ponta metálica contra a casca de uma árvore alarmou o animal, que correu
assustado.
- Errei! - elevou a voz com frustração.
- Eu pego ele. - o duque correu com sua besta na
mesma direção que o animal havia ido, sendo seguido por mais dois homens.
- Dário! Eu errei! - repetiu, ao perceber que o
seu amigo também havia decido do cavalo e estava ao seu lado.
Não entendendo o silencio de Dário, Maxwell olha
em direção a ele e percebe que estava concentrado fitando outra direção,
parecendo muito apreensivo.
- O que aconteceu?
- Por favor, fique aqui Vossa Alteza. - o rapaz
correu na mesma direção que o duque, deixando os outros para trás.
---
Dominus estava percorrendo a trilha deixada pelo
animal, tentando encontrá-lo ou pelo menos algum outro que pudesse caçar.
Correu mais um pouco, se desvencilhando de arbustos e galhos mais baixos de
arvores até que finalmente encontrou o animal. Mas o cervo que encontrou, o
qual há minutos atrás corria para se salvar dos caçadores, estava estirado no chão,
morto. Tinha no pescoço várias feridas profundas, todas paralelas entre si.
- Um... Urso fez isso? - o duque, que estava
ofegante após a corrida, se questionava em voz alta.
Após analisar a cena, olhou em volta e percebeu
que seus homens ainda não haviam o alcançado, o que o deixou irritado. Se
realmente fosse um urso ele precisaria de mais homens para abater a fera.
O silencio pareceu tomar conta do lugar, um silencio
profundo que Dominus estranhou. No instante seguinte ele pode ouvir um tilintar
metálico ecoar pelas árvores à sua volta e um arrepio gelado atravessou sua
espinha. Sentiu o medo tomar conta de seu corpo. Quando se virou para o caminho
de onde havia vindo, para voltar onde os demais estavam, deparou-se exatamente
com aquele que atravessou sua mente ao ouvir o som do metal se chocando.
- O que você--!! - antes que pudesse terminar a
frase Alan o derrubou, empurrando-o para trás com a sola do sapato.
No mesmo instante em que o duque caiu, o guarda
inclinou-se para frente, com a expressão ameaçadora, porém vazia de sempre.
Ergueu ao lado de seu rosto a manopla com as garras de metal que estavam
ensanguentadas e as impulsionou em um mergulho na direção do pescoço de
Dominus.
O pobre homem não teria tempo de fazer nada,
exceto fechar os olhos e erguer o braço na frente do rosto, esperando que as lâminas
atravessassem sua carne, no entanto, no lugar da dor ouviu mais um som de
metais se chocando muito mais potente do que antes.
- O que está fazendo!? - o duque ouviu a voz de
seu amigo bastante alterada e então abriu os olhos, completamente apavorado.
Dominus havia sido salvo por Dário que tinha
intervindo no ataque de Alan, desviando a trajetória das garras com a lâmina de
seu florete.
O homem que acabara de tentar matar o duque estava
imóvel, fitando os olhos daquele que salvara o duque, mas não parecia estar o
encarando ameaçadoramente. Era como se estivesse esperando por algo.
- O que houve aqui? - perguntou Dário enquanto
apontava sua arma para o pescoço de Alan, que se mantinha parado, longe de
parecer uma ameaça, como acontecera minutos atrás.
Apavorado, o duque levantou-se ofegante e com o coração
disparado, tentando absorver a situação.
- E-eu sabia que ele era um louco e perigoso! -
respirou fundo algumas vezes – De onde ele veio!? - tentou-se manter o mais afastado que conseguiu de Alan.
Os dois homens atrasados que foram atrás de
Dominus finalmente chegaram ao local, sem conseguirem compreender o que estava
acontecendo.
- Guardas. Prendam-no! - gritou, tentando disfarçar
a forte inquietação com a ira que sentia.
Sem pestanejar os dois guardas correram até o
sujeito e o derrubaram de joelhos, em seguida amarraram suas mãos atrás das
costas com a ajuda de uma corda que costumavam usar para amarrar as caças. Alan
não tentou resistir, simplesmente deixou que o prendessem.
- Levem-no para a masmorra!! - gritou ainda mais
alto, apontando para a direção em que seu castelo se encontrava, mas percebeu
que o braço ainda tremia e o recolheu rapidamente.
Cada um dos guardas segurou o prisioneiro por um braço,
arrastando-o todo o caminho de volta para a casa do duque.
- V-você me salvou Dário. - tentava recompor seus
pensamentos - Eu posso lhe recompensar... Você... Poderia também fazer parte da
minha guarda. -após a frase inspirou profundamente.
Dário riu.
- Vossa Graça, me perdoe, mas eu já faço parte de
um exercito. O exercito de um rei.
- O que? Você se alistou ao exercito do rei de
Miraluna? - estava confuso - Você serve o rei novato?
- Não, não. - tinha um sorriso malicioso - Eu
sirvo outro rei. O rei do Oeste. - fitou os olhos do duque, mantendo o mesmo
sorriso.
- Você bateu a cabeça enquanto vinha para cá? O
oeste não tem rei. É uma terra sem lei, uma terra de ladrões e assassinos. Ninguém
consegue comandar aquilo. - rangeu os dentes - Eles são como este sujeito que
acabou de tentar me matar.
- É engraçado como as pessoas do norte e do sul
tem informações tão desatualizadas sobre aquela região. - mais uma vez deu uma
risada - Há dez anos que todo o oeste é governado por um só homem e seu
exercito.
- Do que está falando? - a conversa de Dário
havia o deixado perplexo.
- Por que você feriu o rosto da princesa? - a expressão
ardilosa de seu rosto ficava ainda mais aparente.
- Você agora está fazendo acusações contra mim?
Quer ir para a masmorra também? - Todo o nervosismo do qual havia se esforçado
para perder havia voltado.
- É só uma brincadeirinha Vossa Graça. - sorriu -
Mas eu não quero nada em troca de ter lhe salvado. - bateu levemente nas costas
de Dominus e deu alguns passos na direção dos demais - Vamos Vossa Graça- É
melhor voltarmos antes que alguma outra pessoa resolva lhe atacar. - tinha um disfarçado
sorriso maldoso.
Com todas as coisas que seu amigo havia dito
Dominus já não sabia mais o que pensar sobre ele. Naquele momento estava
confuso com os fatos mirabolantes que havia dito, mas não podia ignorar o fato
de que Dário havia salvado sua vida.
Continua...
Natalie Bear
Natalie Bear
wow ._."
ResponderExcluirtipo
WOW .__.
essa moira é foda véi... como ela deixou o alan escapar assim?
ee que.. mas.. como..
tao..
eita
que foda auheuhuhEUHAUHAE
poxa pequeno max :T tem que ver essa pontaria ai!
bem que vc comentou, o complicado cap 5 .O.
Complicado..... Ainda nem complicou....Muito XD.
ExcluirEla deixou ele escapar pq nem tava interessada no que ele poderia fazer LOL.
Aeeeeeee agora está ficando muito louco com o Dário se expondo XD!
ResponderExcluirE o Alan está mandando ver no maldito do duque!!! XDDDDDD
Muito bom xDDDDDD!
Esse Dário... Devia ficar quieto kkkk.
ExcluirQuanto ao Alan..... Precipitado, não XD?