terça-feira, 17 de julho de 2012

Capítulo 5 - Parte 1

Capitulo 5: Primeiro Erro

Parte 1: Um Som Conhecido


Finalmente havia chegado o dia que duque Dominus estava esperando, o dia da caçada. Este era um entretenimento muito comum para os nobres daquela região. Todos se preparavam adequadamente para o evento.

Moira aproximava-se dos guardas de Maxwell, que estavam um pouco mais afastados dos homens que se organizavam para a caçada, enquanto mantinha as mãos unidas sobre o ventre, como normalmente fazia.

- Tenho um aviso para dar a vocês. – passou os olhos sobre cada um dos quatro, parecendo mal-humorada – Se meu irmão voltar com algum arranhão eu mesma me encarregarei de ter certeza que os quatro terão o crânio dividido em dois – virou-se e olhou em direção ao duque que estava distante, de costas para ela.
- Lhe garanto que não acontecerá nada com Vossa Alteza o príncipe. – disse Siro, um homem de pouco mais de trinta anos e de olhos escuros atentos, inclinando-se para a princesa, fazendo uma reverencia.

Enquanto o guarda calvo respondia para Moira, Alan parecia ter seguido o movimento anterior dela e estava com sua atenção voltada em direção a Dominus, que conversava com Dário.

- Preste atenção no que estou dizendo! – puxou-o pelo cachecol desbotado com força, forçando-o a se curvar levemente para frente.

O estranho homem baixou a cabeça de forma submissa.

- Não tirem os olhos deles nem por um segundo. – tentava parecer irritada, mas não conseguia esconder a preocupação – Podem ir. – afastou-se dos guardas com seus passos tão delicados que custavam a amaçar o gramado em torno do castelo.

Enquanto os homens moviam-se até onde o príncipe, o duque e seu mais novo hóspede conversavam cercados por alguns dos subordinados de Sobbar. A princesa puxou novamente o manto de Alan, fazendo-o parar no meio do caminho.

O guarda virou-se para ela e teve o tecido em volta de seu pescoço puxado pela terceira vez, o que o fez se curvar para frente de novo, ficando quase da altura de Moira.

- Quanto ao que aconteceu ontem. - suspirou, abaixando a cabeça por um momento e logo se recompondo - Você não viu nada. A princesa jamais age daquela maneira. Você entendeu? - lançou um olhar fulminante.

Alan observou seu rosto por alguns segundos enquanto demonstrava um semblante mais suave do que aquele que normalmente vinha estampado em sua expressão. Ao perceber que Moira não havia gostado nem um pouco dele ter fitado seus olhos, acenou positivamente com a cabeça e abaixou os olhos em direção ao solo.

- Pode ir. - soltou o tecido desbotado deixando-o livre para ir até os outros que ainda conversavam despreocupadamente.
-... E Vossa Alteza sabe como manejar o arco? – perguntou Dário interessado na conversa.
- Eu ainda estou aprendendo, minha pontaria não é muito boa por enquanto. – deu uma risadinha tentando esconder o constrangimento que sentia.
- Aposto que é melhor que a do duque. – riu.
- Eu estou ouvindo isso Dário! - exclamou Dominus incomodado com o comentário.
- Vossa Graça. Não se preocupe, foi apenas uma brincadeira. - sorriu gentilmente.
- Está bem. Deixarei passar. - era difícil se opor a um sorriso de Dário.
- Já podemos nos preparar para seguir até o local? - perguntou o jovem carismático.
- Não. - respondeu irritado - Aquele homem está proibido de nos acompanhar. - apontou para Alan.
- Vossa Graça ainda está implicando com ele?
- Cuidado como você fala comigo, Dário. Tenho meus motivos para não levá-lo junto. -o nervosismo estava ficando visível em seu rosto.
- Já que o senhor Dominus insiste... - disse o príncipe, sem entender muito bem a reação do duque - Senhor Alan. O senhor está dispensado por enquanto.

O guarda fez uma reverencia, acatando as ordens de seu mandante.

- Esperem. - intrometeu-se a princesa, se aproximando - Se vão tirá-lo temporariamente da posição de proteger o príncipe então peço para que em seu lugar levem um dos meus guardas.
- Está tudo bem por mim. - Dominus respondeu indiferente.
- Mas e você Moira? Vai ficar apenas com um guarda para lhe proteger? - mais uma vez o príncipe preocupava-se com sua irmã.
- Não vai acontecer nada comigo. E se Alan irá ficar então estarei com dois guardas. - tentou acalmar Max.
- Então está bem. Eu irei aceitar o empréstimo. - deu um sorriso amarelo enquanto Moira escolhia um dos homens para acompanhá-lo.

Após a troca, os homens finalmente estavam prontos para a caçada.

- Já está tudo nos conformes, podemos partir. - Disse o duque indo direto para seu cavalo, um puro-sangue de pelo marrom brilhoso e bem cuidado.

O príncipe foi ajudado por Siro a subir em sua montaria, um belo animal de pelo negro.  Logo em seguida Dário e Siro montaram em seus respectivos cavalos. Os demais homens iriam acompanha-los a pé.

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 A vegetação tinha mudado, a grama era mais alta e vários arbustos espalhavam-se por entre as árvores de diversas espécies que se estendiam mais afastadas umas das outras do que na região dos pinheiros.

- Esta parte da floresta é uma das melhores para se caçar. - explicou Dominus, mais animado do que costumava ser.

A caçada era uma das atividades que o duque mais apreciava.

- Vossa Alteza está nervoso? - perguntou Dário para o príncipe.
- É a primeira vez que venho para uma caçada. - respondeu baixinho para seu mais novo amigo - Lá em Sempterot não temos muito disso, meu pai não se interessa muito. E o senhor? - seus olhos demonstravam uma curiosidade infantil - Participa de muitas caçadas de onde veio?
- De onde eu vim não tem muitas florestas e os animais das proximidades são bastante perigosos. - sorriu - E, por favor, não precisa me chamar de senhor. Pode usar só o meu nome.
- Vou tentar me lembrar disso. - deu uma risadinha - Mas... - sua expressão mudou completamente - Você vem do reino em que a Miriam é a rainha... - franziu a testa, pensativo - Pelo que li e as informações que recebi sobre o lugar, há muitas florestas naquela região.
- É verdade que Miraluna tem muitas florestas. - continuava sorrindo, mas tinha um ar de nostalgia em sua expressão - No entanto já faz quase dois anos que não moro mais por lá.
- O senhor não disse que tinha vindo amando de seu pai? - a resposta de Dário havia o confundido - Digo... Você não disse? E... Seu pai sendo o Marques de Codriaz não deveria permanecer na região dele?
- Bem. Acho que não me expressei direito quando cheguei ao castelo de Sobbar...

Antes que qualquer um dos dois pudesse continuar a conversa, o duque, que havia descido de seu cavalo aproximou-se deles e comunicou:

- Vejam ali. - apontou para uma direção do bosque - Um cervo perfeito para começar a caçada. Que tal Vossa Alteza ter a honra de começar? - parecia contente com o achado do animal.
- Oh. Isso foi rápido. - o jovem foi pego de surpresa - Eu posso tentar. - desceu com cuidado de seu cavalo e sacou o arco, puxando uma flecha da grande bolsa presa às suas costas.
- Tenha cuidado Vossa Alteza. - Siro se manifestou, aproximando-se dos três.
-Eu posso fazer isso. - o príncipe concentrou-se no alvo enquanto posicionava sua flecha no arco.

Maxwell demorou um pouco para decidir a posição correta da mira, mas rapidamente soltou a flecha, que foi com velocidade em direção ao animal que estava distante, comendo a grama tranquilamente sem saber do perigo que o aguardava. Mas o jovem príncipe havia errado e o som do impacto da ponta metálica contra a casca de uma árvore alarmou o animal, que correu assustado.

- Errei! - elevou a voz com frustração.
- Eu pego ele. - o duque correu com sua besta na mesma direção que o animal havia ido, sendo seguido por mais dois homens.
- Dário! Eu errei! - repetiu, ao perceber que o seu amigo também havia decido do cavalo e estava ao seu lado.

Não entendendo o silencio de Dário, Maxwell olha em direção a ele e percebe que estava concentrado fitando outra direção, parecendo muito apreensivo.

- O que aconteceu?
- Por favor, fique aqui Vossa Alteza. - o rapaz correu na mesma direção que o duque, deixando os outros para trás.

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Dominus estava percorrendo a trilha deixada pelo animal, tentando encontrá-lo ou pelo menos algum outro que pudesse caçar. Correu mais um pouco, se desvencilhando de arbustos e galhos mais baixos de arvores até que finalmente encontrou o animal. Mas o cervo que encontrou, o qual há minutos atrás corria para se salvar dos caçadores, estava estirado no chão, morto. Tinha no pescoço várias feridas profundas, todas paralelas entre si.

- Um... Urso fez isso? - o duque, que estava ofegante após a corrida, se questionava em voz alta.

Após analisar a cena, olhou em volta e percebeu que seus homens ainda não haviam o alcançado, o que o deixou irritado. Se realmente fosse um urso ele precisaria de mais homens para abater a fera.

O silencio pareceu tomar conta do lugar, um silencio profundo que Dominus estranhou. No instante seguinte ele pode ouvir um tilintar metálico ecoar pelas árvores à sua volta e um arrepio gelado atravessou sua espinha. Sentiu o medo tomar conta de seu corpo. Quando se virou para o caminho de onde havia vindo, para voltar onde os demais estavam, deparou-se exatamente com aquele que atravessou sua mente ao ouvir o som do metal se chocando.

- O que você--!! - antes que pudesse terminar a frase Alan o derrubou, empurrando-o para trás com a sola do sapato.

No mesmo instante em que o duque caiu, o guarda inclinou-se para frente, com a expressão ameaçadora, porém vazia de sempre. Ergueu ao lado de seu rosto a manopla com as garras de metal que estavam ensanguentadas e as impulsionou em um mergulho na direção do pescoço de Dominus.

O pobre homem não teria tempo de fazer nada, exceto fechar os olhos e erguer o braço na frente do rosto, esperando que as lâminas atravessassem sua carne, no entanto, no lugar da dor ouviu mais um som de metais se chocando muito mais potente do que antes.

- O que está fazendo!? - o duque ouviu a voz de seu amigo bastante alterada e então abriu os olhos, completamente apavorado.

Dominus havia sido salvo por Dário que tinha intervindo no ataque de Alan, desviando a trajetória das garras com a lâmina de seu florete.

O homem que acabara de tentar matar o duque estava imóvel, fitando os olhos daquele que salvara o duque, mas não parecia estar o encarando ameaçadoramente. Era como se estivesse esperando por algo.

- O que houve aqui? - perguntou Dário enquanto apontava sua arma para o pescoço de Alan, que se mantinha parado, longe de parecer uma ameaça, como acontecera minutos atrás.

Apavorado, o duque levantou-se ofegante e com o coração disparado, tentando absorver a situação.

- E-eu sabia que ele era um louco e perigoso! - respirou fundo algumas vezes – De onde ele veio!? - tentou-se manter o mais afastado que conseguiu de Alan.

Os dois homens atrasados que foram atrás de Dominus finalmente chegaram ao local, sem conseguirem compreender o que estava acontecendo.

- Guardas. Prendam-no! - gritou, tentando disfarçar a forte inquietação com a ira que sentia.

Sem pestanejar os dois guardas correram até o sujeito e o derrubaram de joelhos, em seguida amarraram suas mãos atrás das costas com a ajuda de uma corda que costumavam usar para amarrar as caças. Alan não tentou resistir, simplesmente deixou que o prendessem.

- Levem-no para a masmorra!! - gritou ainda mais alto, apontando para a direção em que seu castelo se encontrava, mas percebeu que o braço ainda tremia e o recolheu rapidamente.

Cada um dos guardas segurou o prisioneiro por um braço, arrastando-o todo o caminho de volta para a casa do duque.

- V-você me salvou Dário. - tentava recompor seus pensamentos - Eu posso lhe recompensar... Você... Poderia também fazer parte da minha guarda. -após a frase inspirou profundamente.

Dário riu.

- Vossa Graça, me perdoe, mas eu já faço parte de um exercito. O exercito de um rei.
- O que? Você se alistou ao exercito do rei de Miraluna? - estava confuso - Você serve o rei novato?
- Não, não. - tinha um sorriso malicioso - Eu sirvo outro rei. O rei do Oeste. - fitou os olhos do duque, mantendo o mesmo sorriso.
- Você bateu a cabeça enquanto vinha para cá? O oeste não tem rei. É uma terra sem lei, uma terra de ladrões e assassinos. Ninguém consegue comandar aquilo. - rangeu os dentes - Eles são como este sujeito que acabou de tentar me matar.
- É engraçado como as pessoas do norte e do sul tem informações tão desatualizadas sobre aquela região. - mais uma vez deu uma risada - Há dez anos que todo o oeste é governado por um só homem e seu exercito.
- Do que está falando? - a conversa de Dário havia o deixado perplexo.
- Por que você feriu o rosto da princesa? - a expressão ardilosa de seu rosto ficava ainda mais aparente.
- Você agora está fazendo acusações contra mim? Quer ir para a masmorra também? - Todo o nervosismo do qual havia se esforçado para perder havia voltado.
- É só uma brincadeirinha Vossa Graça. - sorriu - Mas eu não quero nada em troca de ter lhe salvado. - bateu levemente nas costas de Dominus e deu alguns passos na direção dos demais - Vamos Vossa Graça- É melhor voltarmos antes que alguma outra pessoa resolva lhe atacar. - tinha um disfarçado sorriso maldoso.

Com todas as coisas que seu amigo havia dito Dominus já não sabia mais o que pensar sobre ele. Naquele momento estava confuso com os fatos mirabolantes que havia dito, mas não podia ignorar o fato de que Dário havia salvado sua vida.


Continua...

Natalie Bear

4 comentários:

  1. wow ._."

    tipo
    WOW .__.

    essa moira é foda véi... como ela deixou o alan escapar assim?
    ee que.. mas.. como..
    tao..
    eita
    que foda auheuhuhEUHAUHAE

    poxa pequeno max :T tem que ver essa pontaria ai!

    bem que vc comentou, o complicado cap 5 .O.

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    1. Complicado..... Ainda nem complicou....Muito XD.

      Ela deixou ele escapar pq nem tava interessada no que ele poderia fazer LOL.

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  2. Aeeeeeee agora está ficando muito louco com o Dário se expondo XD!
    E o Alan está mandando ver no maldito do duque!!! XDDDDDD

    Muito bom xDDDDDD!

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    1. Esse Dário... Devia ficar quieto kkkk.
      Quanto ao Alan..... Precipitado, não XD?

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