Parte 2: Chamado do Rei
Várias horas de caminhada já haviam passado e
novamente os pés da jovem princesa doíam. Ela havia tentado se comunicar mais
com Ian durante o dia todo, mas enquanto ele estava seguindo em sua frente,
pouco respondia.
- Alan! Pare! Meus pés estão doendo! Vão criar
calos se continuarmos! – estava ficando muito para trás e já arrastava os pés.
- Meu nome não é Alan. – continuou caminhando,
ladeando a estrada de terra.
- Não vou continuar! – finalmente parou e
sentou-se sobre a raiz de uma grande árvore, levemente ofegante.
- Vossa Alteza não pode parar o tempo todo se quiser
chegar logo em Miraluna. – parou e virou-se para ela, a mais de dez metros à
frente.
- E não vou chegar nunca se eu ferir meus pés! –
tirou uma das botas e verificou o estado de seu pé – Veja isto! Há uma bolha
d’água na lateral do meu pé! – esbravejou dramaticamente.
- Coloque a bota de volta no pé. – estava se
aproximando da princesa, mas parou de repente, olhando a sua volta atentamente.
- E está ficando frio. Logo esta roupa não vai
ser suficiente. – fitou-o e percebeu que Ian parecia apreensivo com algo – O
que está procurando?
- Silêncio. – sussurrou, mostrando a palma da mão
para ela, sem virar o rosto em sua direção.
A princesa ficou com medo do que poderia ser e
encolheu-se, colocando a bota rapidamente.
- Vamos sair daqui. – Ian sussurrou mais uma vez
e se aproximou da jovem.
- Me diga o que está havendo. O que você viu? –
levantou-se assustada.
- Nada. Vamos. – pegou-a pelo braço e a arrastou
consigo.
- Pare! – puxou na direção contraria.
O estranho sujeito parou mais uma vez e
visualizou a estrada que ia em direção ao sul. Parecia nervoso, talvez até
irritado com algo.
- Abaixa! – ordenou para a princesa, mas antes
que ela pudesse sequer assimilar a ordem, Ian envolveu-a em seus braços e
jogou-se para o chão, ajoelhando-se e se curvando sobre ela.
No instante que se seguiu Moira ouviu o som de
algo cortando o ar e seu protetor gemeu com dor. Flechas haviam sido disparadas
e acertaram as costas de Ian.
- Evos! – ouviram a voz estridente de uma mulher
– Não era para acertar ele!
Ian girou o corpo com dificuldade, mantendo Moira
em seus braços. Apesar do calor reconfortante que ela podia sentir emanando do
corpo dele, a princesa também sentia falta de ar. O sujeito estava a segurando
forte demais contra seu peito, mal a deixando inalar ar. A garota levantou sua
cabeça, conseguindo afastar o rosto do peito dele e voltando a respirar
normalmente, embora agora estivesse com seu rosto próximo ao pescoço do
sujeito. Realmente não era algo que Moira estivesse apreciando. Pelo contrario.
- O que querem? – o sujeito de cabelos dourados
perguntou com uma voz rouca e raivosa, ignorando os movimentos de Moira
totalmente.
Era uma mulher de longos cabelos escuros presos e
olhos vermelhos envoltos por manchas negras, feitas por algum tipo de pintura.
Era a mulher que havia os atacando da outra vez. A responsável por os quatro
terem se separado.
- Milorde Ian. – um homem muito alto, magro e de
pele morena apareceu ao lado da mulher e depois mais outro mais baixo e de
cabelo muito claro.
Assim como a mulher entre eles, os dois também
tinham os olhos de um vermelho vívido assustador. Mesmo de longe a princesa
podia vê-los.
- Milorde? – ela sussurrou assustada e confusa,
quase se esquecendo de que estava presa nos braços de seu companheiro de viagem.
- Hiddvah! – gritou a mulher para o homem de cabelos
claros e de corte irregular que iam quase até os ombros, acertando seu cotovelo
nas costelas dele – Evos, você acertou as duas.
- Ah! Ele se meteu na frente!- esbravejou,
afastando-se dela após receber o golpe e fazendo gestos exagerados - E o que eu
posso fazer se sou bom nisso??
- Pretendem me ignorar por muito tempo? Quem são
vocês? – Ian tirou um dos braços que estava em torno de Moira e o levou às
costas, puxando com forca uma das flechas e removendo-a, deixando mais um
gemido de dor escapar.
Aproveitando a brecha que ele havida dado, a
princesa rastejou para trás, se afastando dele, mas ao mesmo tempo sentindo um
pouco de preocupação pelo ataque que Ian havia sofrido.
- Oh. – A mulher assustadora e de olhos vidrados
como os de uma boneca deu uns passos para frente – Meu nome é Mirita. Estou
aqui seguindo as ordens do rei do oeste. – cruzou os braços por baixo da longa
e grossa capa que usava – O meu rei deseja que você retorne.
- O “rei” deseja? – riu e levantou-se com um
pouco de dificuldade, deixando a princesa ficar escondida aos olhos dos outros,
atrás dele – Ônix? – dirigiu a palavra para o homem de pele escura.
- É a verdade Milorde. Ele, “o rei”, deseja seu
retorno. – era um homem de meia idade e tinha uma fisionomia muito séria e
fechada.
Moira estava tão confusa e assustada com aquela
situação, que não sabia o que pensar. De inicio não conseguia compreender
direito o que estavam conversando. Parte era culpa dos sotaques estranhos que
cada um tinha. Um diferente do outro. Mas o que deixava tudo mais obscuro era a
quantidade de informações novas e difíceis de acreditar que estava recebendo.
Todo aquele sentimento de insegurança e medo fez com que ela ficasse quieta e
encolhida apenas observando e temendo que algo pudesse lhe acontecer. Por isso
mesmo que a jovem arrastou-se até esconder-se atrás do tronco da grande árvore
em que antes havia parado para descansar. Concentrou-se apenas em ouvir o que
era dito.
- Digam ao “rei do oeste”... – desembainhou uma
das espadas que carregava - que voltarei quando eu decidir.
- Diga-me... Ian. – moveu um dos braços por
dentro da capa e quando o levou ao exterior estava empunhando uma daquelas suas
belas adagas douradas – Da primeira vez era impossível lhe achar. E agora foi
fácil demais. – posicionou-se em sua peculiar posição de combate, parecida com
a de seu adversário – Parece até que está facilitando para nós. Como você faz
isso?
- Foda-se o que o rei disse! – gritou o homem de
cabelos claros, que empunhava o arco e flecha - Vamos matar esse também! –
rapidamente lançou uma flecha em direção a Ian.
- Não Evos! Espera! – Mirita tentou pará-lo,
empurrando-o para o chão, mas já era tarde.
A flecha que havia atirado ia muito velozmente em
direção à cabeça de Ian, mas embora ela fosse muito rápida, o sujeito de
cabelos dourados facilmente a segurou pela haste com a mão que vestia a
manopla, parando-a a vinte centímetros do rosto.
- Por que não pergunta para o seu rei como eu me
tornei quem sou? – explicou de uma forma irritada, quebrando a flecha no meio e
a jogando no chão agressivamente.
- Não sei por que eu trouxe você! – disse Mirita
com um pé apoiado sobre o peito de Evos, que estava deitado no chão – Não ouse desobedecer
ao rei ou eu irei lhe matar!
- Tira
esse seu pé daí sua vadia louca! – com as mãos impulsionou o pé da mulher para
longe, quase a derrubando, e aproveitou para levantar-se rapidamente em uma
cambalhota para trás.
- Hiddvah, filho de uma puta! Vai pagar por
tentar me derrubar! – esbravejou contra seu companheiro.
- Ônix. – Ian chamou o homem alto que estava
apenas observando seus outros dois companheiros discutirem – Quando esses desajeitados
terminarem de discutir avise-os de que se tentarem ferir a garota novamente eu
vou adicionar seus crânios a minha coleção.
- Era uma mulher?? – o sujeito de cabelos
loiros-claro parou subitamente o que estava fazendo, perplexo e tentando
enxergar Moira – Espera. A coleção... Ela é sua?? – fitou-o, curioso.
Ian apenas o encarou em silêncio. Estava mais
concentrado em tentar ignorar a dor em suas costas.
- Se você não pretende nos acompanhar de volta então
usarei de força para lhe convencer! – Mirita puxou o cordão da capa, soltando-a
e deixando que caísse no chão, revelando sua roupa também negra que seguia as
curvas de seu corpo.
- Oh. Bem... Você nunca vai conseguir o meu
crânio! – Evos intrometeu-se na frente de sua companheira e trocou o arco por
uma espada longa e curva que trazia na cintura, preso em seu cinto feito de
tecido azul escuro – Porque eu vou mostrar que sou melhor!
- Nunca mais trago esse Hiddvah junto. –
sussurrou a mulher de longos cabelos negros, cobrindo o rosto com a mão que
estava livre.
Evos lançou-se na direção de Ian, empunhando seu
sabre na direção do peito dele, que se ajoelhou e desviou da lâmina que havia
atravessado sua capa no ar, fazendo um grande rasgo nela. Sem perder tempo o sujeito
de cabelos dourados chocou o braço e ombro contra as pernas de seu adversário e
jogou-o para trás, lançando-o contra Mirita, que se afastou muito rápido.
- Novatos. – Ian levantou-se e riu, olhando
disfarçadamente na direção em que Moira havia ido para saber se ela ainda
estava lá.
- Você vai ver quem é a porra do novato aqui! – O
sujeito de cabelos loiros e muito lisos ficou irritado e tentou outra investida
parecida com a primeira.
Ian estava preparado para o mesmo tipo de golpe
quando Evos deu um salto e fez o sabre mergulhar em direção à cabeça dele. Sem
ter tempo de desviar-se o sujeito de cabelos dourados bateu com a manopla na lâmina
da espada, conseguindo faze-la afastar-se o suficiente para não acertá-lo. No
mesmo instante Ian percebeu que Mirita aproximou-se sorrateiramente por suas
costas e desferiu um ataque surpresa em sua direção, que foi evitado por
questão de milímetros. Evos também reagiu, girando o corpo para afastar seu
sabre do inimigo e tirando do cinto uma adaga. Os dois estavam perto demais de
Ian e atacando ao mesmo tempo. Ambos estavam com armas de curto alcance, porém próximos
demais. Eles atacaram mais uma vez ao mesmo tempo, Evos pela frente e Mirita
por trás, utilizando as duas adagas douradas.
Mesmo que ele conseguisse pará-los, não poderia
evitar um próximo ataque sequencial, pois não seria capaz de afastar os dois.
Ian conseguiu absorver o impacto das adagas de
Mirita com as costas da manopla com garras e também impediu Evos com a espada,
mas conseguiu apenas afastar a mulher. O homem de cabelos lisos aproveitou
quando Ian voltou sua atenção para sua companheira e utilizou o lado do corpo
para empurrá-lo, jogando-o no chão.
O empurrão fez com que Ian perdesse o equilíbrio
e caísse, fazendo com que a flecha cravada em sua carne quebrasse e se enterrasse
ainda mais em suas costas, o que fez com que ele perdesse a concentração e
gritasse de dor.
Mirita quase
perdeu o equilíbrio com o empurrão que levou, mas se recuperou a tempo de
utilizar a queda dele a seu favor. Adiantou-se e pulou sobre Ian, lançando suas
adagas em um mergulho em direção ao peito dele. Seu inimigo conseguiu impedir
uma delas de chegar até sua garganta, segurando o braço da mulher com as garras
da mão esquerda, mas a outra arma escapou e sua lâmina enterrou-se logo
abaixo do ombro dele. Ian soltou um urro de dor. Ao mesmo tempo, Mirita também
gritou e perdeu a concentração, permitindo que Ian conseguisse usar toda sua
força para tira-la de cima dele. Jogou-a para o lado e ela ficou no chão com o
rosto contorcido de dor. Ian percebeu que havia uma flecha enterrada em seu
braço.
- Covardes! – gritou Moira empunhando o arco já com outra
flecha pronta para ser lançada.
- Era uma mulher mesmo! – Eros parou para olhar a jovem
princesa que finalmente havia reaparecido.
Ian levantou-se rapidamente, embora estivesse cambaleante,
afastou-se dos dois e puxou a adaga que estava presa em seu ombro, contorcendo
o rosto em reação a dor que sentiu.
- Sua vadia! – Mirita berrou contra Moira, arrancando a
flecha de seu braço e levantando, muito irritada – Evos! Cuide dela!
- Exatamente o que eu estava pensando em fazer! - voltou a pegar seu arco.
- No tempo que você
levar para puxar a flecha da bolsa, já terei atirado esta! – gritou Moira,
nervosa e assustada, mas mantendo o arco firme em suas mãos.
- Tem certeza? – sorriu maldosamente para ela.
- Cuidado! – disse Ian, correndo em direção à princesa,
porém foi impedido por Mirita que se colocou na frente, já o atacando
novamente.
Ele desviou a lâmina da adaga dela com a luva de garras, fazendo
um alto som do metal se chocando.
- Quer isso de volta? – levantou com dificuldade o braço
direito, mostrando a outra adaga de Mirita.
- Posso usar uma só contra você! – girou a arma na mão e
desferiu outro golpe contra ele.
Enquanto os dois distribuíam golpes um contra o outro sem
que nenhum fosse realmente capaz de acertar seu adversário, Moira mantinha Evos
em sua mira, tentando impedi-lo de sacar uma flecha para usar contra ela.
- Basta você piscar que eu terei pegado a flecha. – zombava
Eros.
- Isso não vai acontecer. – a jovem princesa segurava o arco
na horizontal e mantinha-o na altura dos olhos.
O sujeito de cabelos claros e fisionomia impaciente fez um
movimento brusco, insinuando-se para frente, o que fez com que Moira, por
impulso, atirasse a flecha contra ele. Com a extremidade de seu próprio arco,
Evos bateu na ponta metálica da flecha ainda em movimento e desviou sua
direção. Em seguida sacou sua flecha muito mais rápido do que a princesa
conseguiu fazer.
- E o que vai fazer agora? – tinha um sorriso maldoso estampado
no rosto – Sou muito mais rápido.
- O que tem braços, pés e costas, mas não tem pernas? –
perguntou Moira, séria.
- O que? – Evos estava confuso com a pergunta.
- Se você é inteligente tenho certeza que consegue desvendar
a charada. – lentamente deu um passo para trás, enquanto distraia o sujeito.
- Por que eu tenho que responder isso? – não parecia muito
preocupado com o que a jovem poderia fazer, então acabou por não perceber que
ela havia se movido.
- Você não tem. Você é um tolo e nunca vai conseguir achar a
resposta da charada. – conseguiu dar mais um passo para trás sem ser
descoberta.
- É claro que eu posso responder isso! – contestou gritando
com indignação.
- Prove! – fitou-o com desdém e deu seu último passo para
trás, girando desajeitadamente o corpo para trás de uma arvore.
Havia conseguido disfarçar enquanto enganava o homem, mas
Moira estava apavorada. Seu corpo todo tremia e ela nem conseguia puxar direito
outra flecha da bolsa em suas costas.
- Se esconder não vai lhe salvar! - vozeou com irritação,
andando na direção dela.
Enquanto isso Ian lidava com a habilidosa mulher de cabelos
escuros, ambos com os movimentos de um dos braços comprometidos. Ele estava
ciente do perigo que Moira enfrentava, mas não conseguia se livrar de Mirita. Resolveu
que precisava arriscar um ataque mais ofensivo para tentar tirá-la de sua
frente e cuidar da princesa. Ao segurar uma das investidas dela, cravou suas
garras na mão da mulher, que gritou e perdeu o foco momentaneamente. O
movimento deu uma oportunidade para Ian, que usou a arma que estava no outro
braço e lançou-a contra o peito de Mirita. Recuperando-se rapidamente, a mulher
de olhos vermelhos bateu com a perna no braço dele. O braço que segurava a
adaga e também aquele que estava sofrendo as consequências do ferimento abaixo
do ombro. Ian acabou perdendo a arma, que foi jogada para longe de sua mão.
Mirita conseguiu livrar sua mão das lâminas garra, mas agora
lhe doía bastante segurar a adaga. Sem o que fazer ela jogou o peso do corpo
contra ele lateralmente, conseguindo criar uma brecha para enterrar a lâmina da
adaga no abdômen de Ian, logo abaixo de suas costelas do lado esquerdo do
corpo. Um golpe bem sucedido, entretanto também havia lhe custado caro. Ian
havia a acertado com suas garras acima do seio direto dela, cravando-as tão
profundamente quanto a lâmina da adaga havia adentrado em sua carne segundos
antes.
- Você ama “ele”. – Ian sussurrou, quase sem fôlego, bem
próximo ao ouvido dela.
- O que você...? – Mirita, mesmo com muita dor e tentando se
livrar das garras metálicas enfiadas em seu peito, pareceu ficar alarmada com a
afirmação de Ian.
- Ele já sabe que você me atacou. E está muito irritado. –
apesar do alto nível de dores que sentia por todo o corpo, ainda assim
conseguiu esboçar um sorriso malicioso.
- Do que está falando? – conseguiu puxar a arma de volta e
Ian arrancou as garras, soltando-as da carne de Mirita e afastando-se dela.
O movimento que os dois haviam utilizado fez Evos parar o
que estava fazendo e prestar atenção neles. Moira, que estava escondida atrás
da árvore, também acabou voltando sua atenção neles.
- Ônix. – o sujeito de cabelos dourados tentou falar alto e
imponente, mas seu fôlego estava lhe traindo – Leve os dois de volta para o
oeste.
- É o mais sensato. Irei fazê-lo, Milorde. – o homem
respondeu e se movimentou até a mulher com os olhos vermelhos e cansados.
Mirita caiu de joelhos no chão e tossiu, cuspindo sangue.
Ônix foi até ela e a ajudou a levantar.
- O que houve com a louca? –Evos dirigiu-se até os dois, guardando
o arco.
- Vamos voltar. – Ônix ordenou calmamente.
Enquanto os três se reagrupavam, Ian andou cambaleante até
Moira, que estava sentada com as costas apoiadas no tronco de arvore e uma
expressão aterrorizada no rosto.
- Vossa Alteza está bem? – sussurrou, jogando-se de joelhos
no chão e apoiando o braço afetado no tronco.
- Sim. – respondeu baixinho, ainda tentando processar tudo o
que havia acontecido e acalmar seu coração que batia com aflição.
- Ótimo. – contorceu o rosto com a dor e apoiou a lateral do
corpo na arvore, levando a mão que vestia a manopla toda ensanguentada sobre o
ultimo ferimento que havia adquirido.
- O que eles... – olhou na direção em que o trio estava, mas
não havia mais sinal deles e então ouviu Ian gemer mais uma vez – N-não ouse
morrer. Quero voltar para casa. – franziu a testa, nervosa sem saber o que
deveria fazer.
- ...Vai voltar... – deixou o corpo cair mais uma vez,
sentando-se ao lado dela e gemendo.
- Você... Não precisa cuidar dessas feridas? – encolheu-se e
observou a ferida abaixo do ombro dele.
- Tem uma ponta de flecha nas minhas costas. – deu uma
risada abafada enquanto curvava o corpo para frente e baixava a cabeça.
- Acho que agora eu entendo porque você tem tantas
cicatrizes... – deu um suspiro, sem saber ainda qual era a real gravidade da
situação, mas aliviada que o perigo parecia ter passado.
- Eu... – parou para respirar, estava ofegante – Acho que
perdi sangue demais. – afastou a mão da ferida no abdômen que estava ensopada
de sangue, tanto de MIrita quanto dele.
A princesa não conseguia ver direito o quanto o sujeito
havia sangrado, pois suas roupas eram muito escuras, mas quando viu a
quantidade de sangue na luva de Ian, seu coração voltou a disparar e o medo
estava lá mais uma vez para assombrá-la. A sensação de que a floresta
estenderia suas mãos espectrais para lhe capturar e levar para a sombra. Para
ficar perdida para sempre...
- Não... – Moira sussurrou para si mesma, tentando reprimir
a sensação a todo o custo, chegando ao ponto de contrair seus músculos.
- Vossa Alteza... – sua voz estava lenta e sua pronuncia
estava ainda mais carregada pelo sotaque estrangeiro – Estou perdendo a
consciência... – levantou a cabeça para visualizar o rosto dela, entretanto sua
visão estava turva demais e a cada instante o ambiente era pouco a pouco
engolido pelas trevas.
- Pare de morrer! – quando percebeu que o corpo do sujeito
estava escorregando para frente esticou os braços e tentou impedi-lo – Por que
você é tão pesado!? – tentava sustentar o peso dele com os braços, mas Ian
deveria ter facilmente o dobro do peso dela, o que lhe tornava a tarefa
complicada.
Depois de muito esforço conseguiu empurrá-lo para o lado,
deixando-o cair sobre as folhas mortas que forravam o chão. A garota percebeu
que uma de suas mãos estava encharcada com o sangue dele. O cheiro de todo
aquele sangue deixava-a nauseada. Logo percebeu que precisaria fazer algo se
não quisesse perder sua melhor chance de voltar para Sempterot. Para o castelo.
Moira sabia que ele estava vivo, pois percebeu que respirava, mas se Ian
morresse ela provavelmente perderia completamente o controle que se esforçava
tanto para manter. E se isso acontecesse seria o fim para a princesa.
Capítulo 8: Fim.
Natalie Bear
Natalie Bear
Muito legal ^^!
ResponderExcluirGostei da reação da princesa. Nunca imaginaria que ela pegaria um arco pra se defender ^^!
Parabéns ^^!
O que será que vai acontecer agora XD?
Bjos ^^/
Então essa princesa não é TÃO inútil quanto parece... kkkkkkk
ResponderExcluirObrigada. :D
poisé .o.
ResponderExcluirrealmente ela não é tão inutil quanto parece...
e o que mais me surpreendeu foi ela acertar a flecha! finalmente alguma utilidade pra ela uaheaeiae
to gostando mais da moira agora :)
vamos ver no que vai dar, o ian tá só se ferrando...
e.. milorde? fuhuhu
Omg.. Moira ganhando simpatia das pessoas XD.
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